segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dificuldade em gerir o tempo.

Ando desaparecida do blogue e parada nas artes, está cada vez mais difícil gerir o tempo!

Contabilizando nem sei quantos empregos tenho. Só para terem uma ideia... o meu dia normal é assim (vou tentar ir colocando profissões onde acho que se aplica):

7h00 - levanto-me. Como dona de casa que sou vou pôr no estendal a roupa que deixei a lavar na máquina ontem à noite. Ponho mais uma máquina a lavar.
7h10- acordo o resto do pessoal lá em casa (tarefa difícil principalmente para o filhote, de 10 anos que adora dormir de manhã) – mãe – mando-o tomar banho e se arranjar.
7h15 - tomo banho e arranjo-me.
7h30 - Arrumo as camas e tento deixar a casa minimamente apresentável. Odeio chegar a casa e ver camas por fazer, almofadas do sofá fora do sítio… roupa jogada, etc…
7h50 - Pequeno almoço + arrumar a cozinha + deixar alguma coisa a descongelar para o almoço.
8h10 - Saída de casa. (o miúdo entra na escola às 8h20)
8h30 - café
8h45 - loja (embora abra às 9h30 tenho sempre montes de papel para organizar, facturas, trabalhos, cópias que ficaram por fazer do dia anterior, organizar prateleiras.
9h30-13h00 - Logista - disponível a 100% para o público que vai chegando para ser atendido. Trabalho de computador, cópias, encadernações. Não dá tempo para mais nada.
13h00-14h15 - cozinheira - vou para casa a correr preparar o almoço. Muitas vezes nem dá tempo para levantar a mesa ou lavar a louça (tarefa que fica acumulada para a hora do jantar). Dependendo do que faço para o almoço pode ainda me dar tempo para pôr mais roupa no estendal.
14h20 - café
14h30-19h00 - loja - atendimento ao público.
A maior parte dos dias o meu filho está disponível só a partir das 20h00, pelo que aproveito este tempo ou para ir ao supermercado, à frutaria, e muitas vezes faço um tempinho de café só para não andar para cima e para baixo ... espero por ele.
20h15 - começo a fazer o jantar. Normalmente capricho mais no jantar, sei que é errado mas é a única refeição que tenho tempo para isso. Enquanto a panela está ao lume vou tentando dar algum apoio, confesso que nem sempre necessário, ao filhote que está a fazer os trabalhos de casa.
21h00 - jantar e um bocadinho de sofá até às 21h40 (hora que ele vai para a cama). Deixo a cozinha para depois, pois este bocadinho é o único tempo do dia que podemos estar calmamente, vemos televisão mas vamos falando, vendo como correu o dia, dificuldades, alegrias. É um tempinho que deixo a 100% para ele, e mesmo assim pesa-me a consciência pois acho pouco.
21h45 - arrumar a cozinha. Retirar a roupa do estendal. Engomar – engomadeira. A maior parte dos dias só fico livre para ir dormir pelas 23h, 24h. Tento não ir depois disso pois acho importante ter as 8h de sono para estar em condições no dia seguinte, e como sofro de insónias… nunca durmo esse tempo. (mas tem dias que só lá pelas 2h é que vou dormir).
Nem todos os dias engomo, mas o armazém da loja também é em casa, e quando chega mercadoria é lá que fica à espera de ser conferida, inserida, marcada (preços) e organizada. Acabo por não ter nenhum dia disponível.
Ao sábado costumo abrir até às 13h00. Almoço na casa dos sogros, e o miúdo tem catequese das 15h00 às 16h00. Tento organizar alguma coisa, roupas, gavetas, armários, até há hora do jantar. Normalmente é também no sábado à tarde que aproveito para limpar a garagem, durante a semana não dá tempo e quando chega ao sábado nem imaginam a sujidade. Vou jantar a casa de familiares e já venho tarde, normalmente já não faço mais nada – só chichi-cama.
A manhã de domingo dedico a limpezas, vou almoçar a casa da minha mãe e deixo-me lá ficar um bocado (mas não fico de braços cruzados, ajudo a fazer o almoço e tento ser eu a arrumar depois do almoço), é preciso ver que ela já tem 80 anos, não a quero sobrecarregar – gosto de ir pela companhia. A maior parte das semanas só consigo ter tempo para ver os meus pais ao domingo!
Depois vou ao supermercado e vou para casa fazer jantar para a família. Neste momento somos 12 adultos e 6 crianças. É a minha hora de mimar a família e demonstrar o quanto gosto deles. Além disso, pomos a conversa em dia.

Contabilizem o tempo que deixo para mim! E, como vêem, neste momento, como faço para me dedicar ao artesanato? Não é fácil!
Confesso que me faz muita falta. Sinto-me mais leve quando dou largas à imaginação, quando crio alguma coisa com as mãos. Gosto também de transmitir aquilo que sei, o meu objectivo não é ensinar pois acho que também aprendo, gosto é da troca de ideias.

Faço minhas as palavras de Paulo Freire, que diz: «Neste lugar não há sábios nem ignorantes, há pessoas que juntas buscam saber mais».

Se bem que por vezes sou mal interpretada por alguns clientes que pensam que só quero ganhar dinheiro, gostava que fizessem bem as contas, só no material que está sendo usado, sem falar na luz, na água, pois isso nem contabilizo, e vejam se ganho alguma coisa. Faço pela diversão, pelo companheirismo, pelo prazer de mostrar o que se pode criar. Por esta razão e pela falta de tempo que tenho de momento. Acho que vou ficar parada por um bocado.