Morreu no dia 10 a mulher mais bonita que conheci, e tive o prazer dela ser minha tia!
Sempre a conheci linda e arranjava-se duma forma impecável. Uma das recordações que sempre guardarei é que era incapaz de sair sem se arranjar, sem colocar um par de brincos e pôr batom. Andava com as unhas sempre impecavelmente arranjadas, mesmo sem ser mulher poupada a trabalhos. Fazia de tudo, costura, tricô, croché, jardinagem, culinária, era uma mulher lutadora, uma grande mulher, mas sempre preocupada com a imagem.
Sempre implicou um bocado comigo, chamava-me à atenção por ser maria-rapaz, sempre de ganga e sapatilhas e metida no meio dos rapazes e das brincadeiras masculinas, costumava dizer-me que as “meninas não assobiam”, não brincam ao pião nem ao futebol, não correm, como se devem sentar. Na altura nem queria ouvir, achava que ela não gostava de mim, mas sempre a admirei secretamente.
Infelizmente a doença apanhou-a, maldito Alzheimer que costuma chegar sem avisar e faz um corpo tão bonito como aquele cair em tão grande decadência. Custa ver uma pessoa com tantas competências perder todas as faculdades, até o andar e a fala. Custa ver o “fantasma” da Mulher que ela foi deitado numa cama sem poder fazer nem dizer nada.
Confesso que foram bem poucas as vezes que consegui ir visitá-la mas não conseguia ver naquele estado aquela tia que tinha sido tão ágil. Ainda bem que nem todos são como eu e teve companhia e amor até ao fim, sempre foi tratada com todo o zelo pelas irmãs que cuidaram dela e muitos dos sobrinhos marcaram presença na sua cabeceira para lhe mostrar o quanto gostavam dela.
Adeus tia, que tenha um eterno descanso.
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